AS 3 LÂMINAS DO FIM DO MUNDO - CONTO

Chegava o meio da tarde na Montanha Negra. Algumas dezenas de anões esbravejavam e chingavam em frente a Guaideroondah Caolha. Afinal aquela era a taverna mais movimentada de Porto dos Corvos. O trapiche feito de cajana velha chegava a estremeçer conforme os anões se aglomeravam em volta da grande taverna. Os Homens de Armas contratados pelo Sindicato dos Piratas para manter a “ paz “ estavam perdendo a paciência, mas mesmo eles sabiam que não era de bom auspício tentar suprimir a fúria de uma turba de anões desgostosos com a vida. O tumulto se iniciara fazia várias horas. Quando Balkar, um velho anão Imediato de um navio do Sindicato Pirata deixara cair em sua garganta um gole profundo de uma caneca cheia com o Vinho de Trumias. Sim, o Vinho de Trumias. Trumias possuía o melhor vinho da Montanha Negra e dizem que até além dali. Infelizmente aquela era a última gota que havia daquele vinho em toda Porto dos Corvos.
Os anões fazem praticamente duas coisas em Porto dos Corvos. A primeira é beber ... a segunda ... bom, daí varia de anão para anão, mas em geral se diversificam entre roubar, foder e comer. Mesmo assim cuidado, alguns deles são verdadeiras “ máquinas de matar “.
A multidão de anões se aglomerava na porta da taverna, os Homens de Armas do Sindicato protegiam a entrada e alguns elfos observavam com bastante senso de humor de cima de alguns telhados próximos. Era possível se ver se você observasse com cuidado os grandes e enfeitiçantes olhos verdes de Shartilla Bromm observando tudo com aflição atrás da janela da Taverna. Os anões afinal eram verdadeiros bandidos de métodos rudes, bárbaros e desleais. Eles com certeza iriam estrupá-la de todas as formas possíveis caso ela não fizesse nada. A maioria dos anões era peluda, fedorenta e com dentes podres e Shartilla embora apreciasse ser cavalgada por jovens piratas certas vezes no mês não podia nem suportar a idéia de ser deflorada por um batalhão de anões “ sóbrios “ e enfurecidos.
Shartilla herdara a Guaideroondah Caolha junto com seu irmão que fora brutalmente assassinado na Estrada do Passo Apressado a mais ou menos uns 3 anos. Desde então Shartilla se filhou ao Sindicato Pirata e tem prosperado chamando bastante a atenção dos Magistrados de Porto dos Corvos e dizem até prestando alguns “ favores “ sexuais pouco nobres a eles de vez enquando. Shartilla do jeito que vai é uma grande candidata a Magistrada muito em breve. Mesmo assim, nada disso vai acontecer se ela for esquartejada por uma turba de anões insandecidos.
De um beco escuro do Quarteirão dos Esfaqueados, atrás da multidão de anões surge um misterioso grupo. Todos cobertos por mantos velhos e ensangüentados com certeza haviam acabado de sair de uma batalha. Ou do próprio inferno. E vinham para comemorar na Guaideroondah Caolha. Três dos vultos eram menores e tinham movimentos rápidos e ágeis, de certo seriam elfos. O quarto vulto tinha mais de 2 metros e meio de altura e seus passos quebravam cacos da pavimentação antiga de Porto dos Corvos. Os 4 estranhos chegaram em frente a taverna e deram de frente com a confusão.
Um dos indivíduos menores tirou da cabeça o manto ensaguentado revelando ser uma linda elfa de cabelos ruivos como o sangue. Ela carregava uma grande espada nas costas e olhou para um anão mais afastado e perguntou:
- O que está havendo aqui anão?
O anão desconfiado respondeu nitidamente perturbado:
- Não há mais vinho nessa cidade, elfa. Isso é um absurdo. Nós trabalhamos como escravos para pagar nossa bebida. E agora temos que ficar com a guela seca. Não podemos admitir. Venham. Juntem-se ao levante.
A elfa não respondeu. Apenas olhou para seus dois parceiros. Eles não tiraram o manto. Um deles com a silueta feminina e os olhos brilhantes do Povo Fada apenas respondeu com uma voz rouca e arrogante:
- Estúpidos...
A elfa de cabelos vermelhos falou:
- Espere, Le Shanna. Deixar alguém sem bebida pode ser realmente perigoso mesmo.
O terceiro vulto menor se aproximou com uma voz arrastada e masculina:
- Isso tudo é muito estranho. Pelo que sei Trumias produz milhares de litros de vinho por mês. Nunca deveria estar acontecendo.
A “ coisa “ gigantesca ao lado dos três tirou o capuz e disse palavras sinceras:
- Groon, tem sede!!!!
E eles ficaram por ali, apesar de estarem nitidamente cansados e recém saídos de uma grande batalha ...
Lá dentro da Guaideroondah caolha, a propietária Shartilla Bromm havia se interessado pela chegada do grupo de aventureiros e viu que aquela podia ser sua grande chance de mudar o jogo. Ela mandou um dos Homens de Armas do Sindicato que fazia sua proteção para chamar o grupo até a porta dos fundos da taverna. E assim ele fez.
- Vai se fuder, seu imbecil!!!
A resposta da elfa de cabelos ruivos não fora das melhores depois que o enviado de Shartilla a convidou para ir atrás da taverna com ele. Mas quando descobriu que se tratava de um possível contrato de trabalho, ela resolveu aceitar. Assim o grupo foi até lá.
Atrás da Guaideroondah Caolha, Shartilla Brom tinha uma espécie de escritório decorado com plantas raras da região de Nossabah e uma grande gaiola de ferro negro onde ela tinha seus 3 corvos de estimação. Lá ela aguardava pelo grupo.
A elfa de cabelos ruivos nitidamente cansada chegou e se sentou em frente a ela. A garota do povo fada ficou afastada encostada na parede com seus olhos brilhantes e uma insígnia da Ordem de Larr bordada no seu manto ensangüentado a vista. O outro indivíduo se aproximou e cruzou as mãos esperando a proposta de Shartilla enquando o gigante que traziam com eles se sentou no chão e ficou tirando alguns vermes das próprias orelhas...
Shartilla encheu uma xícara de chá e começou a falar:
- Pelo visto tiveram uma noite difícil.
- O que você acha? Falou a garota do povo fada revelando estar com pouca paciência ...
Shartilla olhou para ela respeitando sua impaciência e foi direto ao assunto:
- Bom. Vocês devem estar querendo descansar e eu preciso resolver meu problema de uma vez. Então escutem minha proposta. Parece que o " famoso " Vinho de Trumias, que mantém os anões dentro de suas calças e longe de confusão acabou. Já enviei mais de 30 mercadores até Trumias no Círculo Camponês e nenhum deles retornou até agora. Minha idéia e mandar vocês até para descobrir oq ue está acontecendo com aqueles camponeses preguiçoso para não estarem mandando mais vinho e também descobrir o que houve com os malditos mercadores que mandei até lá. Pago 500 peças de ouro para cada um sendo que 50 estarei pagando adiantado. Além disso posso " emprestar " alguma quantia caso estejam atrás de algum " equipamento " especial. Então o que me dizem?
A elfa de cabelos vermelhos apenas sorriu para garota do povo fada e disse apertando a mão de Shartilla:
- Vamos pegar o trabalho. Meu nome é Chaaedi, esta é a clériga do deus da luz, Leshanna, os nossos amigos são Petfire e o grandão ali tirando um dragão de dentro da orelha esquerda se chama Groon.

- Groon mata dragão!!!! Falou Groon tirando um as espadas das costas e destruindo um vaso de samambaias de Nossabah.

Chaaedi continuou:
- Pague nosso adiantamento. Faremos algumas compras e amanhã de manhão estaremos partindo.

Shartilla acentiu com a cabeça, sorriu satisfeita e tomou ujm profundo gole de chá ...

Indo para uma estalagem conhecida de Chaaedi em Porto dos Corvos, o grupo percebeu que talvez estivesse sendo seguido. Ao virar uma esquina sombria do Quarteirão dos Esfaqueados Groon agarrou sua perseguidora presa. O gigante tomoriano ergueu o corpo humanóide encapuxado que vestia um corselete de couro e tinha como arma apenas uma pequena espada. Arrancando o capuz da perseguidora, o grupo percebeu que se tratava de uma jovem meio elfa:

- Olá! Meu nome é Esmerelle? Posso ir com vocês?

Todos olharam para Chaaedi que aparentemente se comportava como a líder do grupo, embora jamais tivesse sido eleita. Simplesmente era assim. Chaaedi mordeu os lábios e lembrou-se que o caminho pela Estrada do Passo Apressado conforme ela ouvira falar poderia ser muito perigoso. Afinal 3 de seus primos elfos haviam desaparecido depois de passarem por essa estrada nos últimos anos. Chaaedi havia vindo para Porto dos Corovos por ela e não tivera problema embora isso pudesse ter sido um golpe da sorte. Enfim, Chaaedi precisava tomar uma decisão a respeito dessa " Esmerelle "...

- Se calar a boca e fechar as pernas pode sim!

Disse a elfa de cabelos vermelhos dando as costas para Esmerelle e seguindo seu caminho. Chaaedi havia percebido que Esmerelle era na verdade uma meio elfa, e ela como uma elfa de sangue puro tinha uma grande parte de si que queria enfiar as espada na garganta da vadiazinha. Segundo os avós e a mãe de Chaaedi, os meio elfos davam azar, adoravam se meter em encrenca e tinham a fama de serem extremamente pervertidos. Afinal para os elfos foder com um humano é a mesma coisa que um humano foder com um animal para um humano. Um elfo ou elfa que fizesse isso passava a ser visto como uma espécie de " doente " mental e sexual assim como suas proles.

- Como é bonito seu cabelo! Falou Esmerelle na tentativa de agradar Chaaedi enquanto seguiam para a grande torre a sua frente.

A torre antiga e de mármore escuro se erguia no centro de Porto dos Corvos e tinha sempre um grande entra e sai de gente. Petfire como todo bom Maccpenn adorava aquele local. Afinal ali era a A Torre de Adotumal. Um lugar onde se vendia equipamentos mágicos de todos os tipos e Chaaedi e seu grupo aparentemente tinham agumas " moedas " para gastar.

Chaedi, Leshanna, Petfire, Groon e Esmerelle entraram na grande Torre de Adotumal e se misturaram no entra e sai de aprendizes arcanos e mercenários que faziam suas compras por ali ...


Continua...


Bodji